segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Evangelizar no Poder do Espírito

“Conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir esse tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”(D.A. 18)

Paulo VI, em sua Encíclica Evangelii Nuntiandi , n. 75, nos ensina que “nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo... Ele é aquele que, hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por ele, e põe na sua boca as palavras que sozinho não poderia encontrar, ao mesmo tempo que predispõe a alma daqueles que escutam, a fim de a tornar aberta e acolhedora para a Boa Nova e para o Reino anunciado. As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem Ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem Ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem Ele, em breve se demonstram desprovido de valor”. -Ou seja, é possível ter-se uma abundância de programas, de planejamentos, de projetos, e até de boas intenções, mas se não levarmos em conta, de modo efetivo e experiencial a participação livre e soberana do operar do Espírito, podemos fazer muito barulho e colher poucos resultados em nosso trabalho de evangelização. Quem não leva à missão os recursos do Poder do Espírito, dá de si mesmo; e o que nós temos de oferecer é sempre pouco para tocar o coração dos homens – uma vez que a mensagem cristã contém elementos que vão além da simples capacidade de compreensão intelectual, racional, dos seres humanos. Desde os primórdios da evangelização, Paulo ressaltava: “O nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Sabeis o que temos sido entre vós para a vossa salvação”(I Tes 1,5). E mais: “Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloqüência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Cristo crucificado. Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloqüência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no Poder de Deus”(I Cor 2,1-5). -O Concílio Vaticano II, em seu documento sobre o apostolado dos leigos advertia: “Impõe-se pois a todos o dever luminoso de colaborar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em toda a parte. -Para exercerem tal apostolado, o Espírito santo – que opera a santificação do povo de Deus por meio do ministério e dos sacramentos – confere ainda dons peculiares aos fiéis (I Cor 12,7), ‘distribuindo-os a todos, um por um, conforme quer’(I Cor 12,11), de maneira que ‘cada qual, segundo a graça que recebeu, também a ponha a serviço de outrem’ e sejam eles próprios ‘como bons dispensadores da graça multiforme de Deus’(I Pe 4,10), ‘para a edificação de todo o corpo na caridade’(Ef 4,16)”. -A obra da Salvação é uma obra de Deus. E para realizar e cooperar com a obra de Deus, precisamos do poder de Deus, conforme nos foi prometido e dado(At 1,8). Assim como é louvável buscarmos o mais freqüentemente possível a comunhão com o Senhor na Eucaristia, de igual modo é salutar pedirmos ao Senhor que nos batize, que nos sature constantemente com seu Espírito, capacitando-nos, deste modo, adequadamente para a missão. Abrir-se, pois, ao Espírito Santo e aos seus dons e carismas é a forma concreta de nos deixarmos interpelar por Sua Palavra e respondermos com fé e generosidade ao chamado que Deus, privilegiadamente, nos fez em Jesus cristo, pelo Espírito! -Jesus rogou ao Pai e Ele tem derramado sobre nós o seu Espírito. Os evangelizadores precisam ser vasos limpos e desobstruídos para serem repletos do Poder que Deus nos manda do Alto. Somente se enche vaso que está vazio. È necessário que nos esvaziemos do pecado, dos apegos às coisas do mundo, de nós mesmos, de nossas auto-suficiências, mas principalmente do medo de sermos usados pelo Espírito santo com os carismas. -Não podemos ser pregadores que têm medo dos carismas, eles completam a pregação. Os carismas foram necessários no tempo dos Apóstolos, pois havia muitas barreiras para se transpor, como a ignorância, a dureza dos corações dos escribas e fariseus, a idolatria dos pagãos, a indiferença dos gregos e o ateísmo dos romanos e até o medo dos discípulos. -Será que nos dias de hoje esta situação tem sido diferente? É claro que não! Basta que olhemos em volta de nós, e constataremos que estamos mergulhados num mar de capitalismo ateu, numa sociedade atolada nos anti-valores, numa mentalidade consumista, numa visão de Deus deturpada. Mais do que nunca os carismas são necessários para mostrar ao mundo corrompido pelo pecado que Jesus vive e é o Senhor! -No tempo presente Jesus quer cooperar conosco, com nossa pregação, com os sinais de sua presença em nosso meio, por meio de curas, prodígios e milagres. Não podemos ficar intimidados diante de nada! -Precisamos pedir o Espírito Santo como os Apóstolos. Eles tinham certeza de que Jesus queria que anunciassem o Evangelho. Estavam convencidos de que sem o Poder Divino não poderiam cumprir sua missão. Se pedirmos como eles, com abertura de coração, com certeza os carismas farão parte do nosso ministério, pois também hoje é necessário que preguemos a Palavra com intrepidez, com os carismas, com força do Espírito Santo.

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