quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maria como a Rainha Mãe

Existe uma palavra aramaica, Gemera, que significa "Rainha Mãe. Tradicionalmente, ao lado do trono do Rei, existe um segundo trono. Muitos afirmariam que o segundo trono pertenceu à esposa do Rei, mas em Israel ele pertencia à mãe do Rei. A gemera era uma posição oficial e que era conhecida por todos (inclusive por Jesus e seus discípulos). Sua função era ser advogada do povo; qualquer pessoa que tinha um pedido ou solicitava uma audiência com o Rei fazia-o através dela. Ela era uma intercessora, apresentando os desejos e interesses do povo para o Rei. Isto não significa que o Rei era inacessível, ou que o povo tinha medo ou era incapaz de falar com ele. Isso meramente significava que o Rei honrava sua mãe e tratava os pedidos dela com especial consideração. Da parte das pessoas do povo, elas se sentiam muito próximos à ela, como se fossem também seus filhos.




Tal função é mencionada em:

* 1Reis 15,13: "Até Maaca, sua avó, depôs da dignidade de rainha-mãe".
* 2Reis 10,13: "Somos irmãos de Acazias, e descemos a saudar os filhos do rei e os filhos da rainha-mãe".
* Jeremias 13,18: "Dize ao rei e à rainha-mãe: humilhai-vos, e assentai-vos no chão".

Seu lugar específico de honra e intercessão é dramaticamente ilustrado em 1Reis 2,13-21:

"Então veio Adonias, filho de Hagite, a Bate-Seba, mãe de Salomão. Perguntou ela: 'De paz é a tua vinda?'. Respondeu ele: 'É de paz'. E acrescentou: 'Uma palavea tenho que dizer-te'. Disse ela: 'Fala'. Disse ele: 'Bem sabes que o reino era meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, ainda que o reino se transferiu e veio a ser de meu irmão; pois foi feito seu pelo Senhor. Agora um só pedido te faço; não mo rejeites'. Ela lhe disse: 'Fala'. Ele disse: 'Peço-te que fales ao rei Salomão (pois não to recusará), que me dê por mulher a Abisague, a sunamita'. Respondeu Bate-Seba: 'Muito bem, eu falarei por ti ao rei'. Quando Bate-Seba foi ter com o rei Salomão, para falar-lhe por Adonias, o rei se levantou a encontrar-se com ela, inclinou-se diante dela, e se assentou no seu trono. Mandou que pusessem um trono para a mãe do rei, e ela se assentou à sua mão direita. Disse ela: 'Só um pequeno pedido te faço, não mo rejeites'. E o rei lhe disse: 'Pede, minha mãe, porque não to recusarei'. Disse ela: 'Dê-se Abisague, a sunamita, por mulher a Adonias, teu irmão'".

De particular importância são as seguintes observações:

1. Adonias supunha que a rainha-mãe poderia defender seu interesse perante o Rei; ou seja, ele confiava nela.
2. A reação do Rei é notável: ele se levantou para vir ao encontro de sua mãe e prestou-lhe o seu respeito.
3. Um trono foi providenciado para ela; ela se sentou à direita do Rei.
4. Seu poder de intercessão é enfatizado pela repetição da idéia de que o rei "não a recuse".

O mesmo fazemos hoje com Maria. Nós acreditamos que ela se aproximará do Rei para defender os nossos interesses. Porém, neste instante, muitos protestantes dirão: "Não podemos chegar até Ele por meio de ninguém; podemos tratar diretamente com Deus". Sim, podemos e devemos fazê-lo. Porém, duvido que o mesmo protestante que usou esse argumento JAMAIS pediu a um amigo seu para que orasse por ele ou com ele. Pedimos a nossos amigos para que orem conosco ou por nós, não porque achamos que é impossível se aproximar diretamente de Deus, mas porque formamos uma família em Cristo e porque é agradável. Nós nos preocupamos com os outros e pedimos sempre a Deus para que conceda os interesses daqueles que amamos. Por que limitar esse cuidado e assistência somente àqueles que estão vivos hoje na terra? São Paulo nos diz que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas - será que essas testemunhas não demonstram um mínimo de preocupação para conosco? O Apocalipse no nos diz que as preces dos santos elevam-se como incenso perante Deus (Ap 8,4). Por quem estariam orando? Em Tobias, lemos: "Quando tu e Sara fazíeis oração, era eu (arcanjo Rafael) quem apresentava as vossas súplicas diante da glória do Senhor e as lia" (Tobias 12,12).

Se pedimos para nossos irmãos vivos para orarem por nós, poderíamos deixar de fazer o mesmo para aqueles que já se encontram presentes diante de Deus? E se pedimos para aqueles que estão diante de Deus, como poderíamos deixar de pedir a intercessão daquela que é a mãe do Rei? A Tradição (aquela mesma Tradição - lembre-se disso - que nos deu a Bíblia) nos diz que quando Jesus estava agonizando na cruz, disse certas palavras a seu discípulo [João] que são aplicadas a cada um de nós; tais palavras são:

"Eis aí a tua Mãe..."

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