terça-feira, 25 de maio de 2010

O Sagrado Magistério da Igreja

“A única Igreja de Cristo é aquela que o nosso Salvador, depois de sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele”(Lumen Gentium 8)

Conferindo aos Apóstolos o encargo de dirigir a Igreja em toda a terra, Jesus estabeleceu sobre eles o que chamamos de Sagrado Magistério da Igreja, constituído pelo Papa (sucessor de Pedro) e os bispos (sucessores dos Apóstolos) em comunhão com ele. Sem este Magistério oficial, querido por Jesus, o “depósito da fé” já estaria esfacelado, como aconteceu fora da Igreja Católica (Lc 10,16).
O que garantiu a unidade da Igreja Católica, sua continuidade até hoje, de maneira ininterrupta, conservando intacto o ‘depósito da fé’, que recebeu do Senhor, é a sua apostolicidade; isto é, a sucessão apostólica (At 1,15-17.21-26; 6,1-7).

Ao Colégio dos Doze, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo: tudo que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu”(Mt 18,18). É com esta autoridade, recebida diretamente de Jesus, que o Colégio episcopal se reúne em concílios e Sínodos para ‘ligar na terra’ o que é para o bem e a salvação dos fiéis. Jesus disse que aquele que se recusa a ouvir a Igreja, “seja para ti como um pagão e um publicano”(Mt 18,17). Aqui Jesus deixou muito claro para os Apóstolos que é a Igreja que tem a palavra final nas decisões das coisas do Reino de Deus.

Para que a transmissão da Boa Nova chegasse então aos confins da terra e dos tempos, os Apóstolos foram preparando os pastores das comunidades, seus sucessores. Assim, estava formado o Magistério da Igreja. Vejamos alguns casos:

São Paulo deixa Timóteo como Bispo de Éfeso: “Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes”(I Tim 1,3). A preocupação de Paulo é com a “sã doutrina”(v.10) que Timóteo deve garantir na comunidade. Esta continua a ser a principal missão do bispo também hoje na Igreja, além de ser para o seu rebanho o pai espiritual e a pedra viva da unidade. “Por esse motivo eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”(II Tim1,6). Aqui vemos a ordenação de Timóteo pela imposição das mãos de São Paulo. Até hoje a Igreja repete esse gesto na ordenação dos sacerdotes e bispos, e assim garante a sucessão apostólica.

Paulo também escolheu Tito para bispo de Creta: “Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos (sacerdotes) em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei”(Tt 1,5). Essa passagem mostra que os Apóstolos iam definindo as ‘normas’ da Igreja, que foram formando a Sagrada Tradição Apostólica, tão importante e legítima quanto à própria Bíblia.

Nas cartas de Santo Inácio de Antioquia, falecido em 107, já encontramos a organização atual da Igreja. Vemos ali um Bispo residente em cada diocese e respondendo por essa parte do rebanho do Senhor: “Segui ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar nem celebrar a Eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes”. Esse testemunho do primeiro século da Igreja mostra bem a sucessão apostólica e a importância do bispo.

Foi para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, que os Apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério. Assim, a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos (LG 7-8).
“O que Cristo confiou aos apóstolos, estes o transmitiram por sua pregação e por escrito, sob a inspiração do Espírito Santo, a todas as gerações, até a volta gloriosa de Cristo”(C.I.C 96).
“Esta missão divina, confiada por Cristo aos Apóstolos deverá durar até o fim dos séculos(Mt 28,20), pois o Evangelho, que eles devem transmitir, é para a Igreja o princípio de toda a sua vida, através dos tempos. Por isso os apóstolos, nesta sociedade hierarquicamente organizada, cuidaram de constituir os seus sucessores. De fato, não só se rodearam de vários colaboradores no ministério, mas, para que a missão a eles confiada tivesse continuidade após a sua morte, os Apóstolos, quase por testamento, incumbiram os seus cooperadores imediatos de terminar e consolidar a obra por eles começada... Constituíram assim os seus sucessores e dispuseram que, por morte destes, fosse confiado o seu ministério a outros homens experimentados”(Lumen Gentium 20)

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